A variedade de produtos á frente, esconde a quantidade de sonhos por trás de cada barraca na feira livre de Indaiatuba.
Na feira livre de Indaiatuba, podem ser encontrados os mais diversos produtos, serviços e muitas histórias de vida. Os feirantes saem de casa ainda de madrugada para estar no trabalho a partir das seis horas. São pais de família, mães, avós e jovens da cidade e de cidades vizinhas, como Salto, Elias Fausto, Campinas e Monte Mor. Eles se encontram de terça a domingo para dividir o mesmo espaço e ganhar a vida comercializando produtos como: Frutas, legumes, verduras, peixes, produtos em couro, plantas, CDs e DVDs, material para casa e cozinha, artesanato, grãos, temperos, material de costura, produtos de beleza, roupas, brinquedos e o tradicional e original, pastel de feira.
Exposição comercial, industrial, cultural, gastronômica e recreativa, a feira livre, que aos domingos conta com mais de 100 barracas,representa para muitos a única fonte de renda. Já para outros, como complemento da aposentadoria. Mineiro, Gesse Antônio Da Silva de 72 anos, conta que em 33 de feira, já teve duas barracas e 8 funcionários, mas que por ter tido problemas com os funcionários, hoje trabalha apenas com uma. Vendendo produtos variadospara cabelo, aviamentos, cintos, carteiras e bonés, ele conta que com o dinheiro que ganhou participando das feiras em todos esses anos, conseguiu ajudar a criar os netos, comprou uma casa e 3 carros. Questionado sobre o segredo do sucesso e o diferencial da feira para os supermercados, o feirante explica: “Aqui na feira, somos todos amigos. Tenho tempo para dar atenção e bater um papo tanto com os meus vizinhos, quanto com os clientes. Coisa que no supermercado é impossível de acontecer. Além das barracas de frutas e legumes, que são bastante procuradas por terem sempre produtos frescos, as outras barracas (como a minha) também oferecem ao cliente um diferencial, o atendimento.”
“A geração dos meus filhos já não quer mais saber de ser feirante, mas eu estou fazendo esse trabalho há mais de 40 anos. Não importa se sai sol ou chuva, a feira acontece e eu e meus vizinhos estamos aqui todos os dias”, afirma o dono de uma das barracas mais antigas de frutas da feira, Adriano Luis Teston.
Alan Carlos da Silva conta que há 56 anos participa da feira e que graças a ela, pôde tornar-se independente e realizar o seu sonho, que era ter uma casa própria. “Levanto todas as manhãs e agradeço a Deus pelo meu trabalho”, contou o feirante enquanto consertava o cabo de uma panela, em sua barraca móvel. Uma Kombi, que conseguiu comprar também com o dinheiro da feira.
Em uma das barracas mais movimentadas da feira, Mário Iwasaki Masuda conta que aos sábados e domingos faz em média, 500 pastéis. “Faço pastéis a manhã toda. Minha receita é especial e me orgulho em dizer que tenho clientes que levantam cedo nos finais de semana só para vir à feira saborear o meu pastel.”
Os jovens Renan e Gabriela, acadêmicos dos cursos de Logística e Moda respectivamente, falam da mãe, Euzira Ramos de Souza, com orgulho. Foi graças ao esforço dela que conseguiram realizar o sonho de fazer uma faculdade. “Sempre que dá, eu e o meu irmão viemos à feira dar uma ajuda para a minha mãe. Ela merece”. Conta a moça tímida, em frente à barraca de doces.
Já para João Pereira, dono da barraca de temperos, sementes e grãos, a mídia é quem o ajuda no dia-a-dia. Ele conta como os meios de comunicação, principalmente a TV, influenciam nas vendas e como ele decide quanto de cada produto deve comprar para a venda da semana. Segundo ele, toda vez que a televisão noticía sobre os benefícios das ervas e grãos, automaticamente ele sente o reflexo na procura pelo produto e já providencia uma quantidade maior, porque sabe que vai vender. “O produto que custa R$15,00, R$20,00 o Kg, depois que a TV mostra e fala sobre ele, o mesmo produto chega a custar R$ 100,00 o Kg”. Janjão, como é conhecido, conta com o auxílio de João Felipe (filho do dono da barraca vizinha) para atender os fregueses. O jovem conta que gosta muito de trabalhar na feira e que aprende muito. Na barraca são vendidos temperos prontos comuns e também os que o próprio Jõao cria e “batiza”. Dentre os produtos à venda, o mais famoso é o batizado de “Tempero da Ana Maria Braga”. Mistura de várias especiarias que o feirante viu em uma receita na TV, anotou, incrementou e colocou à venda.
Na barraca de um, alegria. Na barraca do outro, alegria e bom atendimento. Essas são as estratégias utilizadas pelos feirantes para garantir a clientela. O espírito de comunidade, a amizade instantânea e a dedicação dos feirantes fazem da feira livre de Indaiatuba um lugar bastante frequentado e cheio de curiosidades. São produtos variados, histórias de vida diferentes, mas todas com um ponto em comum, a experiência diária, da luta por uma vida melhor. Um trabalho que começa cedo, montando objetivos e desmontando o que não é bom. Ser feirante é mais do que comercializar produtos e serviços na praça. Ser feirante é vender para sobreviver e de brinde, oferecer à quem você nem conhece, um “bom dia sincero” e um pouco de história.
HORÁRIOS
E LOCAIS DE FUNCIONAMENTO DA FEIRA
- Domingo - Praça Dom Pedro I
Rua XV de Novembro, 11 de Junho e Pedro de Toledo nos arredores da Praça
Dom Pedro II
Horário: das 05h30min às 12h.
- Terça-feira - Rua Argemiro
Coraime Junior
Entre as ruas Joana Bernadim Brizola e Maria Cecília Ifanger (Costa e
Silva)
Horário: das 05h30minh às 12h.
- Quarta-feira - Rua Seraphim
Gilberto Candello
Entre a Avenida Ário Barnabé e Rua Benedito de Campos
Horário: das 05h30minh às 12h.
- Quinta-feira - Rua Para
Entre as ruas Bahia e Paraná
Horário: das 05h30 às 12h.
- Sexta-feira - Rua Albina
Brizola Ulistika
Entre as ruas 03 e Noemia Von ZubemAmistalden
Horário: das 05h30min às 12h.
- Sábado - Rua Francisco de
Paula Cabral Vasconcelos
Entre as Ruas João Becari e José da Silva Maciel
Horário: das 05h30min às 12h.
- Sábado - Rua Voluntário João
dos Santos
Entre as Ruas Dom José e José da Silva Maciel
Horário: das 05h 30min às 12h.
CURIOSIDADES:
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A feira livre floresceu na Europa durante a idade Média e teve papel fundamental no crescimento das cidades e no chamado renascimento comercial observado durante o século XIII.
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As trocas comerciais realizadas nos grandes centros urbanos possibilitaram a padronização dos meios de troca e atuaram de maneira decisiva na superação do modelo feudal auto-suficiente. Realizadas estrategicamente em áreas onde rotas comerciais se cruzavam, as feiras ainda incentivaram a criação de uma estrutura para a regularização do câmbio e a emissão do papel-moeda.
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